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""Ninguém
está preocupado com teatro." [ Gianfrancesco Guarnieri ]
"Desde cedo sentia-me dividido entre a ação política
concreta e o caminho
mais contemplativo, da ação cultural e artística." [
Gianfrancesco Guarnieri ]
"Não é um governo de esquerda (o de Lula), é um governo
de centro, de
social-democrata, que seria o do Fernando Henrique.
Estamos num regime
capitalista, ainda." [ Gianfrancesco Guarnieri ]
"Quando iniciei o tratamento, um dos rins tinha 29% de
funcionamento e outro já foi extraído. Estava quase
batendo as botas. Encaro a hemodiálise de forma
positiva." [ Gianfrancesco Guarnieri ]
"Minha vida gira em torno da hemodiálise." [
Gianfrancesco Guarnieri ]
"Para imaginar esses personagens (de "Eles Não Usam
Black-Tie" e "A
Semente", ambas sob o ponto de vista dos operários) na
atual sociedade
brasileira, é preciso colocá-los imutáveis. Seriam
daquela época vivendo hoje. Acho que eles
enlouqueceriam, não agüentariam. Têm coisas sólidas na
cabeça, a questão moral. Esses caras não mudariam nada,
possuem uma ética brutal." [ Gianfrancesco
Guarnieri ]
"E tem o lado que eu me preocupo cada vez mais, que é
com as grandes
questões filosóficas, os porquês disso, daquilo. De onde
vem a vida? Vou lá
saber... Aí começo a rir. Perguntar para mim mesmo é
covardia. E é lindo você
pensar de onde veio e para onde vai. Eu talvez me
preocupe mais para onde
vou. Mas sei que para onde vou terei uma calma. Se você
me perguntar se
tenho medo da morte, não tenho, me enturmo com o que
vier. Eu tenho medo do sofrimento. Eu sei que o que vier
vem de bom." [ Gianfrancesco Guarnieri ]
"A questão da transformação, eu acho que continua. Não
escrevo nada que
não vá transformar. Agora, ao mesmo tempo, não posso me
esquecer daquela
tendência à ingenuidade na nossa juventude. De achar que
vai dar tudo certo,
é assim mesmo, ah, não tem galho, porque a gente sempre
termina ganhando.
Depois, percebemos que não era nada disso. O que
realmente não admito é
deixar a bola cair. Há momentos em que cai; puxa, tudo é
uma bosta. Mas isso
é um momento e, depois, deixa de frescura, bicho, vai em
frente."
Obs.: Falando sobre o Realismo socialista. [
Gianfrancesco Guarnieri ]
"É uma insuficiência renal crônica. Essa aí, ou você
fica fazendo hemodiálise,
três vezes por semana, como eu, ou faz um transplante.
Ainda bem que existe
a hemodiálise, sempre agradeço. Após quatro anos,
sinto-me mais animado. A
doença dá uma depressão terrível, aquele cansaço. Não é
moleza, não. Mas,
ao mesmo tempo, não é dizer: "Que terrível, morreu".
Morreu o escambau.
Está aí e vai em frente, rapaz, com todo o sorriso de
felicidade que tem. A
ciência trabalha com essas tecnologias todas e, puxa, te
dá um rim novo. Uma
injeçãozinha e uma maquininha te viram o sangue de
cabeça para baixo. Estou
discutindo com os médicos para saber se vale a pena
tentar o transplante ou
se deixa para lá." Obs.: Sobre a doença. [ Gianfrancesco
Guarnieri ]
"A única coisa que a gente poderia fazer era sobre a
história brasileira,
porque aí ninguém cobraria, não proibiriam logo de cara.
Chegamos à
conclusão de que Zumbi seria realmente fantástico. Foi o
início de um
intercâmbio muito grande entre nós e os diversos setores
das artes, desde
instrumentistas, compositores, atores, jornalistas,
enfim, eram todos. Parecia
que um fio começava a se juntar. Aquilo se tornou
realmente um pátio dos
milagres, no bom sentido. Vinham pessoas de outros
Estados e se juntavam lá
no Redondo (bar e restaurante na esquina da av. Ipiranga
com a r. Teodoro
Baima, em frente ao Arena, reduto de artistas e
intelectuais)."
Obs.: Falando sobre o Patio dos Milagres. [
Gianfrancesco Guarnieri ]
"O "Arena Conta Tiradentes" tinha músicas de Caetano, de
Gil, de Sidney Miller,
Theo de Barros e daí por diante. Eram muitos. Enquanto
"Arena Conta Zumbi"
tinha um autor só. Sem querer desfazer dos outros, era
um só com essa
grande responsabilidade. O Edu Lobo era fantástico;
mocíssimo, tinha acabado
de ser premiado no Festival da Excelsior [1965, com
"Arrastão", parceria com
Vinicius de Moraes e interpretação de Elis Regina]. O
melhor mesmo é quando
você tem um compositor com o qual se afina, conversa,
vai junto, aí é muito
legal. O Edu ficou com a gente. Éramos dois tímidos, uma
coisa terrível. Eu
perguntava: "Dá para tocar?". Ele respondia: "É bom".
Ficamos nessa dois dias,
até que chegamos a coisas que realmente nos
entusiasmaram."
Obs.: Sobre Edu Lobo. [ Gianfrancesco Guarnieri ]
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